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terça-feira, 1 de junho de 2010

Encantos e o Começo de tudo

Primeiro Capítulo do meu livrinho… para degustação! Enjoy!
livro
Um Pródígio quebrado!
Uma história que eu tenho que contar! Bom, quando eu nasci me falaram que eu era um gênio! Muito espertinha aprendi a ler antes de falar direito... Um verdadeiro prodígio! Não precisei de ensino básico e com 7 anos ja estava no ensino médio de uma super escola. Meus pais, embora brasileiros, moravam nos Estados Unidos e, com a ajuda do governo, me colocaram em uma unidade especial para pessoas como eu. Ninguém era como eu.
Eu fui adolescente com 10 anos, defendi a minha primeira tese com 11 "O sentido de sociologia nos colégios". Não me deixariam entrar para a faculdade antes dos 15... Mas, mexendo alguns pausinhos, conseguiram que aos 13 eu entrasse em Stanford. Com 15 anos a minha segunda tese e terminei a graduação. Um espanto! Com 17 era o meu mestrado e mais duas teses!!! Com dezoito começei o doutorado e a minha produção intelectual já tinha trazido milhões para a Universidade. Com 20 anos ingressei no pos-doc... Não pude terminar porque tinha que ter algumas horas de docência. Muitas horas, dariam anos de tantas horas que seriam... E eu desisti!
Talvez vocês não tenham entendido... É que eu pulei uma parte da minha história... Na minha própria vida os saltos foram frequentes, os parâmetros nunca serviam para mim e as pessoas... Ah! as pessoas, eu tinha medo delas. Não me aproximava muito de ninguém por várias desculpas, ora micróbio ora alergia. Acontece que fiquei agorafóbica e desenvolvi um transtorno obsessivo compulsivo.
Não saia da casa, e tudo era controlado para que eu não me perdesse nas minhas loucuras até que uma psiquiatra decidiu que eu deveria lecionar a qualquer custo. Não imaginariam que eu desistiria do pós doutorado depois de tudo o que eu tinha produzido. Mal sabiam eles! A minha fobia era maior que a necessidade de trabalhar que também era grande. Parei por alguns anos, mesmo sem parar de produzir, mas existiam coisas que eu ainda precisava fazer e a universidade não me dava mais livre acesso quanto antes. Era uma forma de me pressionar a voltar a vida acadêmica. Eu queria voltar mas para isso teria que lecionar.
Resisti bravamente, não seria capaz de sair de casa todos os dias então sugeri video conferência, ou gravar as aulas mas a traidora da minha psiquiatra reforçou o coro dos malditos academicos.
Trabalhei e produzi bastante, só que as minhas pesquisas ficaram arquivadas em casa, não distribuí ou dividi as minhas teses com nenhuma universidade e fiz questão de publicar os meus livros independentemente sem o apoio deles. Procurei outras universidades que antes me assediaram para trabalhar com eles, mas eles também mantinham o quesito da docencia, eu falei que estava apenas disponível para pesquisa só que a minha psiquiatra, que era bastante influente, os desencorajou dizendo que eu tinha problemas.
A Stanford insistiu por muitos tempo e Jane, a minha psiquiatra, depois de ter sido demitida umas vinte e cinco vezes e recontratada em seguida outras vinte e cinco, me convenceu que eu tinha mesmo que voltar. Bom, fiquei em tratamento e remédios anti-ansiedade por uns meses e ensaiei todas as técnicas psicológicas possíveis de auto-controle.
Meditações e saídas moderadas de casa, foram a minha rotina assim como usar o carro, dirigir e trazer comigo todas os objetos que me faziam sentir mais aconchegada, livros, fotos, lenços...
Antes de voltar pedi que a minha sala tivesse uma mesa igual a que eu tinha no escritório da minha casa, e que a vaga de estacionamento fosse bem próximo a porta de entrada para que eu não tivesse que andar muito. Minha médica/amiga/traidora Jane teria que assistir as minhas primeiras aulas. Depois de todas as exigências aceites e providenciadas, o combinado era que eu voltasse às aulas, a passear por aqueles corredores novamente.
Meu coração batia muito forte só de pensar em tal coisa. Pessoas, gente muita gente. Sair de casa e estar fora do meu ambiente controlado e protegido. Mas eu tinha um compromisso e a Jane estaria lá. Ela às vezes mentia para mim. Será que estaria mesmo?
Entre tremedeiras e taquicardias é esse o momento em que me vejo hoje.

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