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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Leituras

silly-shakespeare balzac

 

   

Eu aprendi a ler e escrever muito cedo e com 3 anos já discutia com a "tia" do parquinho porque eu queria fazer lição e não ficar pintando ou fazendo recorte. Minha mãe foi chamada várias vezes na escolinha por minha causa, ora era porque eu arumava encrenca, ora era porque eu não deveria ficar muito tempo entre os adultos...
    A verdade é que eu sempre fui muito precoce e sempre quis ser independente. Não via utilidade em ler histórinhas, para mim leitura tinha que ter informação e me ensinar alguma coisa. No primário eu era quase a pior aluna, não por ser burra mas por comportamento mesmo, não achava que as professoras soubessem mais do que eu e então fazia só o que eu queria e nunca o que elas mandavam.
    Depois fui morar em Portugal, lá as coisas eram um pouco diferentes. Eu obedecia mais e era mais comportada, não tinha muitos amigos e por isso ficava muito tempo na biblioteca da escola e assim adquiri o hábito de ler por prazer e não por obrigação. Lia de tudo, contos, livros de ciência, curiosidades, enciclopédias e dicionários, romances franceses, Shakespeare até que o acervo do colégio começou a me parecer um pouco limitado. Daí eu comecei a frequentar a biblioteca municipal da cidade. Tinha vezes que eu chegava lá antes de abrir e ficava esperando ansiosa do lado de fora, adorava aquele lugar e, frequentemente, arrumava desculpas para fazer trabalhos ou pesquisas na biblioteca.
    Depois voltamos para o Brasil, e comecei a frequentar o ensino médio público. Bom, a biblioteca era e ainda é imprópria para qualquer ser pensante e eu desisti, os professores não promoviam a leitura na sala de aula e eu arrumei amigos logo, a leitura começou a ficar em segundo plano. Depois foi a faculdade, fiz alguns meses de cursinho e o vestibular exigia a leitura de alguns livros que eu já tinha lido, estudei bastante mesmo durante esses meses e passei no vestibular da USP para Letras. Agora as leituras eram abundantes, todo o glamour USPiano dos primeiros anos me dava ânimo e disposição para ler todos os textos de todas as matérias da grade até que, chegou o terceiro ano e a crise se instaurou em mim, misturou com as greves frequentes, com a falta de grana e o cansaço, as leituras agora tinham o peso da obrigatoriedade. Desde então só tenho lido o necessário.
Nesse meio tempo eu li alguns livros, romances best sellers e livros de auto-ajuda, mas quando olho pra trás e lembro do Shakespeare e de Balzac que eram meus companheiros sinto a culpa de um retrocesso.

Segurem a Peruca porque o planeta é sem retorno!

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